Apesar dos caminhos já decorados, das mesmas paradas, dos horários (quase sempre?) cumpridos, sempre tenho essa sensação de possibilidade. Talvez sejam as pessoas, as novas pessoas, entrando e saindo sem parar.
Hoje eu estava lá e percebi o quanto as coisas que me cercam me remetem á pessoas e a situações que vivi.
Calçadas me lembram sapatos que não vejo mais, praças me lembram beijos que não dei, bancos, coisas que esqueci ou não quis dizer.
E a praia? Uma vida inteira de lembranças vivas. Muitas das quais tento até hoje matar.
Talvez fosse o Arcade Fire nos meus fones, talvez fosse o calor, ou a visão do mar ao fundo.
Só sei que quando as coisas parecem muito reais, quando tudo se conecta e eu tenho essa plena sensação de que existo e participei de tanta coisa e da vida de tantas pessoas, sinto essa vontade imensa de fuder e destruir com tudo ao meu redor. Não sei muito bem lidar com essa pressão. Não é muito maduro, apenas a verdade.
Meu passeio durou pouco, logo tive que descer.
E começou a chover.
E sete horas depois, lá estava eu novamente.
E assim são as coisas, assim são os sentimentos ou pensamentos. Eles vem,eles vão.
Alguns sentam do seu lado e ficam durante muito, muito tempo. Algum encostam em você. Algumas vezes você gosta ; outras não.
Algumas vezes eles passam tão rápido que se você piscar, nem os vê. Outros você só consegue ouvir quando passam pela catraca da vida, aos trancos.
Mas a maioria, uma hora vai descer da sua vida.
Felizmente, somos nós quem decidimos em qual ponto.